segunda-feira, 12 de julho de 2010

Inverno X Cervical

Tá bom, o drama do post passado era pra introduzir o assunto de hoje...

Lembra do meu pescoço (pescoço = coluna cervical)  travado e dolorido???
o danado melhorou e piorou várias vezes..... é assim mesmo quando interrompemos o tratamento, bastou passar a dor a gente já começa a judiar do corpo de novo e a dor volta. 

Resolvi falar sobre a contratura cervical, ou o famoso TORCICOLO, porque é uma queixa comum no meu consultório, especialmente nessa época do ano. Muito provavelmente por conta do inverno. Nessa época é preciso cuidado dobrado, ao fazer exercício o tempo de aquecimento deve ser maior.
A gente esquece desse detalhe.
E de manhã??? pula da cama quentinho, atrasado pro trabalho, corre pro chuveiro, e de repente.... pá.... sem a menor explicação, você não consegue mais olhar pra um dos lados. Seus músculos da cervical se contraíram achando que corriam algum perigo.

Pra medicina tradicional chinesa, a entrada de vento nessa região também é causa de contratura. Bem na região da nuca, existe o que eles chamam de "portal dos ventos". Por isso é comum ver os orientais sempre com um lencinho no pescoço. Mesmo no verão. Aliás outra época do ano que somos muito afetados pelo vento é a primavera. Então aquele conselho da vovó: "se agasalha meu filho", pode começar a seguir. 

Mas o frio está longe de ser a única causa das contraturas. Tem gente que vive "travando" o pescoço por outros motivos: postura inadequada, traumatismos, doenças da idade como artrite, desgaste da articulação, e até disfunções da mordida.

Geralmente os sintomas melhoram espontaneamente com dias ou semanas. Mas se não tratada e com muitas recidivas você pode ganhar uma dor crônica. Por isso aconselho descobrir a causa da contratura e tratar não só os sintomas, mas a causa.

Pra quem vai fazer aula de dança no inverno, ou qualquer outro exercício, tente aumentar o tempo de aquecimento.
Professores, fiquem atentos aos alunos e certifiquem-se de que eles estejam realmente aquecidos antes de fazer movimentos com grandes amplitudes. Lembrando que quanto mais idade maior deve ser o tempo de aquecimento. E quanto menor o nível de treinamento também.
Eu gosto de evitar os ventiladores, mas as vezes não tem jeito, então leve sempre seu agasalho pra quando sair da aula, ou mesmo durante a aula.

É isso! Recado dado. No próximo encontro, pra quem quiser detalhes da coluna cervical, vou falar sobre anatomia, sobre os mecanismos de lesão, etc etc etc.

Boa noite e até a próxima!

PS.: adorei o pessoal comentando, continuem dando opiniões.... Aninha o próximo assunto: Fratura por estresse. Em sua homenagem!!!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Depoimento de uma dançarina lesada!!!

Olá, quanto tempo hein?!?! 

ok, juro que não agüento mais começar meus posts com "quanto tempo", mas também não vou prometer escrever sempre porque esse ano está uma correria, aliás o post de hoje é sobre isso. Sobre a vida louca de tentar sobreviver com a dança, imagino que com qualquer tipo de arte, nesse país.

Hoje vou contar um pouco como é a rotina de um dançarino brasileiro sem patrocínio ou que não conseguiu entrar pras "panelas" dos projetos.
Trabalhar de segunda a segunda incluindo feriado, dar no mínimo 4 horas de aula e fazer mais umas 2 horas de aula por dia, e ter algum trabalho extra (no meu caso, a fisioterapia). Só assim você consegue empatar com o salário do seu amigo engenheiro. Dançando aproximadamente 8 horas por dia, alguns dias mais, alguns dias menos, o resultado não poderia ser outro = lesão.

Faz umas 3 semanas tive uma bela de uma contratura na cervical, ainda tenho um pouco de dor e limitação do movimento, mas está bem melhor e eu sei que poderia estar 100% com o tratamento adequado. Meu lado fisioterapeuta diria pra eu repousar, usar métodos pra combater a dor e a inflamação (eletroterapia, termoterapia, acupuntura, massoterapia), exercícios para restabelecer a amplitude de movimento e fortalecimento e alongamento pra prevenir recidiva, mas meu lado bailarina não pode perder aula, nem deixar de fazer espetáculo porque o salário diminui sensivelmente no fim do mês. O jeito é apelar pro antiinflamatório, pro relaxante muscular, o colar cervical e "bora" dançar.

O sonho??? receber um salário fixo pra ensaiar e não depender dos cachês, poder dar menos aula e ter suporte pra prevenir as lesões (fisioterapeutas, preparadores físicos, nutricionistas, etc.). Além do aumento da incidência de lesão, a qualidade dos dançarinos também é menor, uma vez que não temos tempo nem disposição para ensaiar, melhorar a técnica, condicionamento aeróbio, flexibilidade, força, etc etc etc. 

Fica aqui o desabafo de uma dançarina lesada (in many ways).